quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Missa de envio do Missionário padre Antonio Luis Fernandes
Nesta quinta-feira (31), às 10h foi realizada na sede do Regional Sul 1 da CNBB, a Missa de envio do padre Antonio Luis Fernandes que parte em missão neste ano de 2013 para São Gabriel da Cachoeira, situada ao noroeste do Estado do Amazonas. Ele levará a Boa Nova aos lugares mais distantes.
A celebração foi presidida pelo Cardeal arcebispo de São Paulo e Presidente do Regional Sul 1 da CNBB, Dom Odilo Scherer e concelebra pelo bispo da Diocese de Jundiaí e Presidente do Conselho Missionário Regional (Comire), Dom Vicente Costa e o Bispo Auxiliar de São Paulo e Secretário-geral do Regional Sul 1, Dom Tarcísio Scaramussa.
A Missa contou ainda com a presença dos padres Nelson Rosselli Filho, secretário adjunto do Regional Sul 1; Éverton Aparecido da Silva, assessor do Comire; Joaquim Ferreira Gonçalves, consolata e diretor da Revista Missões, entre outros padres. A presidente da Conferencia dos Religiosos do Brasil (CRB) – Regional São Paulo, Ir. Geni dos Santos Camargo esteve na celebração. Estavam ainda presentes a mãe do padre Luis – Maria Baioni Fernandes – outros familiares, ex-paroquianos e convidados.
Em sua homilia, Dom Odilo ressaltou a importância deste Ano da Fé. O Cardeal fez um convite para que cada cristão coloque em prática o compromisso de se aprofundar e intensificar uma reflexão sobre esta fé em Cristo Jesus. Assim daremos testemunho de fé em nossas comunidades, em nossas casas e no meio de nossas famílias, para que cada um se sinta membro do “corpo missionário de Jesus Cristo, no mundo”.
Por ocasião da celebração de envio, o bispo diocesano de Limeira (SP), Dom Vilson Dias de Oliveira, DC, enviou uma mensagem que foi lida durante a celebração. Na mensagem, o bispo manifestou a sua alegria com a ida do padre Luis. "Ele, conhecedor das necessidades do Regional Norte da CNBB, manifestou o desejo de servir temporariamente a Igreja no Amazonas. Alegramo-nos com sua disponibilidade. Nosso Senhor tem sido generoso conosco e nos tem pedido também generosidade. Pe. Luis será o segundo padre diocesano que enviamos em missão, além de alguns leigos da Sub-Região Campinas que já estão há alguns anos trabalhando nessa região".
Ainda na mensagem, o bispo manifestou “gratidão ao Regional Sul 1 e à coragem do padre Luis pela sua determinação em servir uma Igreja que clama por mais sacerdotes e servidores do Evangelho. Que Deus o abençoe e lhe dê a graça de servir a Cristo na pessoa dos povos amazonenses que ali vivem”.
Padre Antonio Luis Fernandes - Natural de Leme (SP). Entrou para o Seminário dos Padres Claretianos em 1986. Depois de um ano, prestou vestibular e ingressou no Seminário Diocesano São João Maria Vianney em Limeira (SP), onde cursou filosofia e teologia na PUC-Campinas.
Em junho de 1997 se ordenou padre na Paróquia de São Manoel em Leme.
Nos últimos anos, padre Luis se dedicou aos trabalhos das Paróquias Santa Rita de Cássia (Leme), São Paulo Apóstolo (Limeira) e Senhor Bom Jesus (Americana), onde foi pároco.
Trabalhou, ainda, na formação dos leigos como professor das escolas de teologia, catequética e fé e política. Com especialização em psicodrama, o padre acompanhou a formação dos novos padres na Dimensão humano afetiva.
O padre Antonio Luis Fernandes pertence à Diocese de Limeira e vai ficar três anos na Prelazia de São Gabriel da Cachoeira (AM), através do Projeto Missionário Sul 1 - Norte 1.
Entrevista
Logo após a celebração, padre Luis concedeu esta entrevista:
Quando e como surgiu a ideia de ser missionário?
Existem dois momentos bem distintos da minha vocação missionária. A primeira, quando minha mãe grávida de mim no sexto mês, trabalhando no corte de cana, foi surpreendida por um temporal e não tendo tempo para voltar para o abrigo do caminhão, escondeu-se num capela abandonada e lá, diante de uma imagem de Santa Terezinha do Menino Jesus, rezou e ofereceu a vida da criança para as missões. A segunda, quando já crescido e com capacidade de decidir, aprendi a olhar a Igreja e a sua missão a partir do modelo do grupo de Jesus que é eminentemente missionário, com dedicação a ir adiante criando, formando e animando as comunidades.
O que levou o senhor escolher o Projeto Missionário na Amazônia, especialmente São Gabriel da Cachoeira?
A escolha pelo Projeto se deu por uma questão de comunhão eclesial: a Igreja do Brasil, a partir da CNBB sempre teve um olhar para os desafios que a Amazônia representa para a Evangelização. O Projeto Sul 1 Norte 1 abre uma porta que permite que nós, diocesanos, também realizemos esse ideal proposto pelo Vaticano II de nunca restringir a Igreja e o ministério presbiteral a um local geográfico apenas, mas sim, à extensão do Reino como um grande horizonte a ser contemplado na comunhão e na participação.
Já a minha ida a São Gabriel da Cachoeira (AM) não foi uma escolha pessoal e sim, uma adequação do próprio projeto que, atento à necessidade das dioceses e, a partir da solicitação dos bispos do Regional Norte 1, faz as designações. A gente aceita e tenta fazer o nosso melhor.
Quais são as suas expectativas em relação à sua missão na Diocese de São Gabriel da Cachoeira?
Costumo dizer que a frustração é irmã gêmea da expectativa... Por isso mesmo, tento evitar criar expectativa demais pois isso pode significar algo não tão bom. O que quero, é chegar, conhecer as pessoas, a realidade, a Igreja do lugar, os agentes de pastoral que lá atuam, os diferentes missionários que dedicam suas vidas aquela Igreja, ouvir o bispo, saber das necessidades e, a partir das minhas forças e dons, tentar servir e ajudar no mais que puder. Inegável é o fato de que a realidade por si só já se imponha: um lugar onde 93% da população é indígena, com 23 etnias diferentes, 18 línguas, das quais 3 são oficiais, além da língua portuguesa; onde as distâncias são imensas e as dificuldades de transporte e comunicação são grandes, claro que gera na gente uma sensação de ansiedade e diria até, de medo. Mas Aquele que me chamou é fiel (1Ts 5, 24) já dizia Paulo o grande missionário dos gentios. Todavia, deverei chegar ao lugar, e começar a olhar e descobrir o que a missão pede de mim.
Como o senhor vê a Missão, hoje, na Igreja?
Hoje a Igreja vive um tempo de maturidade acerca da missão. Muitas são as frentes missionárias assumidas por ela. Muitos são os desafios que a Igreja tem se proposto a assumir e responder. Depois, acho que do ponto de vista teórico, o Vaticano II trouxe-nos uma riqueza imensa que abriu horizontes e possibilitou a Igreja assumir a missão como servidora e não como dona do Reino. Mas ainda nos falta a co-responsabilidade com a vida e os projetos missionários para que, os que podem ir, não sejam impedidos de ir por falta de recursos materiais, e nem os que ficam, não se sintam dispensados de também missionar a partir do lugar onde se encontram.
Para o senhor, o que significa esse momento de partir para a Missão além fronteiras?
Então, acho que agora é entender que estou pronto para viver aquilo que sempre me preparei. O desafio de partir nunca é fácil. Ir para uma terra e uma cultura diferentes sempre é desafiador. Mas, o sim dado, não é apenas da pessoa que vai, é também da Igreja toda que envia e acompanha o missionário. Por isso mesmo, aceito o desafio sabendo que comigo vão minha diocese, meus amigos, minha família, as comunidades com as quais trabalhei, o Regional Sul 1. Aceito o desafio sabendo que lá me acolhem uma diocese, os padres e religiosas, os leigos e leigas, o bispo e o povo com quem vou ser Igreja nesse tempo de missão. E o melhor de tudo: aceito sabendo que a obra maior quem fará mesmo é o Espírito que nos socorre em todas as nossas necessidades.
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